Torresmo e Caipirinha #08 – Pulp Fiction

Boníssimo dia, tarde, noite ou éon, dependendo da escala de tempo usada pela sua espécie, meu caro leitor! Aqui quem vos fala é o seu formoso, charmoso e cheiroso Barman Verde pra falar de mais um filme incrivelmente incrível. Mas comecemos do começo:

Dia 18 desse mês estreia nas telonas o filme “Django Livre” (“Django Unchained”), que promete ser lendário por N motivos, entre eles os atores de primeira linha selecionados, a história original e acima de tudo, o homem responsável por tudo isso e mais um pouco. Não estamos falando de peixe pequeno aqui não. Apesar da grande indústria do cinema pós Nova Hollywood estar afundando cada vez mais em suas comédias românticas, terrores, ações etc fracos, sem tônica e todos parecidos entre si, vira e mexe surge uma pessoa (nesse caso um deus) pra chutar o balde e fazer cinema como ele pode e deve ser feito. Esse deus do cinema contemporâneo (que, como vocês podem perceber pela babação de ovo, seu Barman adora) surgiu para fazer, em uma era filmes que só se importam com o que o público quer, filmes dos quais o público precisa. Ele vem e faz o sangue morno jorrar na cara dos espectadores, vem e nos acerta na cabeça com um taco de baseball, ou, como nos interessa no momento, sacode uma arma na nossa cara e nos faz ver o que é um filme de verdade.

Senhoras e senhores, estou falando é claro, de Quentin Tarantino.

Não, não é o Samuel Rosa. Esse, meus caros, é o "bad motherfucker" em pessoa.

Não, não é o Samuel Rosa. Esse, meus caros, é o “bad motherfucker” em pessoa.

O diretor de poucos mas valorosos filmes Quentin Tarantino logo nos trará Django, a nona criação 100% sua de sua carreira, iniciada em 1992 com “Cães de Aluguel”. Tarantino é uma figura rara primeiro por fazer filmes tão “off track” como os que faz, segundo por preferir ser, o que é raro hoje em dia, escritor, roteirista e diretor de suas próprias criações. Em terceiro, mas sobretudo, por criar polêmica sempre que alguém fala de sua “melhor obra”, coisa que tem acontecido muito com Django, que já estreou nos EUA no Natal de 2012. Então, porque não entrar no esquenta pra Django e falar da melhor obra do diretor na opinião de seu Barman? Senhoras e senhores: Pulp Fiction.

Não, senhores. Não estamos no Tumblr.

Não, senhores. Não estamos no Tumblr.

O filme, de 1994 é um filme sobre gangsters. Não gangsters no estilo Poderoso Chefão ou mesmo no estilo Scarface, mas gangsters urbanos contemporâneos. Mas, e aqui está o diferencial do filme, não é uma história de gangsters, é simplemente a história de um período da vida de algumas pessoas que acontecem de ser ou ter relações com gangsters… Saca?

Ok, vou me explicar melhor: no filme, a vida no crime é apenas um emprego. Sem grandes dilemas morais, noites mal-dormidas ou grandes acontecimentos, apenas mais um dia de trabalho antes de voltar para casa. Mas um dia bem estranho…

O filme é divido em pequenas histórias quese interlaçam na figura de Marsellus Wallace, o grande chefão do crime na região, interpretado por Ving Rhames (o Luther, de Missão Impossível) e sua misteriosa maleta… Então, vamos por partes.

"The Gold Watch"

“The Gold Watch”

De longe a minha história preferida (por sua estranheza e conclusão épica) é a do boxeador Butch, “O Relógio de Ouro”. Interpretado por Bruce Willis em uma boa atuação, mas ofuscada pelas demais (que são geniais), Butch se vê no começo declínio de sua carreira e se vende para Marsellus Wallace, com uma promessa de que no quinto round ele cairia. Mas Butch não só não cai como também mata o adversário e se arranjapara fugir com o dinheiro das apostas (todas contra ele).

É claro que o chefão Marsellus manda seus capangas atrás de Butch, e aí… Bem, aí é assistir pra ver. Basta saber que as atuações e a construção do dia… ~Estranho~ de Butch são suficientes pra arrancar do espectador reações quase histéricas ou, no mínimo, te deixar sentado na beirada do assento.

"Vincent Vega e a Esposa de Marsellus Wallace"

“Vincent Vega e a Esposa de Marsellus Wallace”

Nessa história, o já apresentado Vincent Vega (um John Travolta cabeludo em uma de suas melhores atuações), empregado de Marsellus Wallace recebe a ordem de levar sua esposa, Mia Wallace (uma Uma Thurman pré-Kill Bill) para se divertir enquanto está fora da cidade.

Deixemos o clímax (hilário) desse pedaço do filme de fora (malditos spoilers!), basta dizer que conta com uma das melhores cenas de dança da carreira de Travolta (ganhadora inclusive do “MTV Movie Awards” de 94, na categoria “Melhor Cena de Dança”), incrível em sua estranheza.

Um ponto curioso dessa história, para fãs de Tarantino é que, nos bastidores e nas pausas para descanso, o diretor e Uma conversavam e criavam uma personagem… Uma certa ex-assassina sedenta por vingança que, 9 anos depois ganharia as telonas em um filme próprio… Pois é, pois é, pois é…

"The Bonnie Situation"

“The Bonnie Situation”

Sim! Finalmente chegamos à história que, praticamente sozinha, tornou o filme famoso e tão icônica. Dividida em duas partes, uma que abre o filme como uma introdução à história de Mia Wallace e uma que o fecha, essa sim chamada “A Situação de Bonnie”

O filme começa com a dupla dinâmica Vincent Vega (Travolta) e Jules Winnfield, um Samuel L. Jackson na melhor atuação de sua vida. Essa dupla, que tem uma química absurda, começa o filme em uma cena antológica na qual invade um apartamento para recuperar uma maleta de seu chefe, Marsellus, de um grupo de jovens gangsters despreparados.

Essa busca pela maleta é baseada em seus diálogos hilários, que vão de programas piloto para a televisão até massagens nos pés, com uma naturalidade tão incrível que nos fazem duvidar que aquilo é um filme.

A cena em questão é tão marcante e hilária que, com seu crescendo, arrebata o espectador até que ele não consiga mais divagar durante o filme… É magnética.

Tão magnética que se tornou icônica e satirizada por várias pessoas, inclusive o lendário artista de rua Banksy, entre outros:

Um dos de Banksy

Um dos trabalhos de Banksy

 

Outro de Banksy

Outro de Banksy

Star-Wars-Pulp-Fiction-Banksy-Alternative-Art-Fun-Art

 

De um filme de 94 e, ainda assim, meme eterno...

De um filme de 94 e, ainda assim, meme eterno…

Eu nem preciso dizer que sou fã do filme, certo?

Em resumo: Pulp Fiction é uma pedida obrigatória para fãs de Tarantino, de bom cinema e de desesperançados com os rumos do cinema atual. Apesar da duração intimidadora (duas horas e meia), vale cada segundo

Fique ligado para o lançamento de Django, Keep calm and watch Tarantino.

Agora, com licença, que deu vontade de assistir Kill Bill…

 

Um comentário em “Torresmo e Caipirinha #08 – Pulp Fiction

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