Torresmo e Caipirinha #02 – O Espetacular Homem-Aranha (The Amazing Spider-man)

Bom dia, tarde, noite ou éon, meu caro amigo pubiano. Como vai você? Bem, eu espero. Eu (caso queira saber) vou muito bem, principalmente pois ontem fui ao cinema depois de um ano e três dias (sim meus caros… 368 dias sem ver a grande tela, por falta de tempo, dinheiro, oportunidade e outros fatores). Ah, como agradou meus olhos a qualidade de imagem típica de um cinema… O suave tremelicar da imagem projetada no pano branco… Ah. Obrigado irmãos Lumiére… Obrigado…

Onde estávamos? Ah, sim. A ida foi tempestuosa em minha mente, e muitas questões se levantavam sobre o filme em questão além da “Será que é bom?” típica. Não quero ser aquele pseudo-jovem chato que afirma que o rock acabou a cada seis meses, ou que nada de novo é criado, mas questiono. Não estamos nós vivendo de ecos do passado? Teríamos perdido, em certo ponto da história moderna a capacidade de criar? É válido se abster de criar para apenas refazer e dar novos pequenos detalhes? As artes seguem sendo artes quando são apenas mímicas (da história e da arte) com retoques? Mas acima de tudo, pode ser um desses ecos de qualidade comparável ou maior que o feito original?

Não sei… Sou apenas um filósofozinho maldito, querendo dividir os espinhos de minhas questões com vocês, meus leitores Pubianos… Sofram, meus fantoches… MWAHAHAHAHAH

Mas uma certeza eu posso dar: o filme visto está escusado de todas essas perguntas por ser… Incrível, em todos os sentidos. Senhoras e senhores, crianças e crianços, com vocês: O espetacular Espetacular Homem-Aranha.

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 É um pássaro, é um avião…? Não, é uma nova versão do herói para a sétima arte. “Mas,” dirá o leitor atento “já não haviam filmes do Homem-Aranha?” Sim sim meu caro amigo, uma série de filmes estrelados por Tobey Maguire já existia desde 2002. Então… Por que a releitura? Bem, o processo de produção do filme se iniciou com o cancelamento de Homem-Aranha 4, dando sequência à série, que, vamos combinar, já não andava tão boa assim. A velha história, primeiro filme incrível, segundo bom, terceiro… Meh (Salvo Star Wars (Guerra Civil, por favor. Clones ninguém merece), Senhor dos Anéis e um seleto do grupo, no qual nem O Poderoso Chefão se encontra. Sejamos honestos Copolla, três É demais).

Mas… Por que esses engravatados por trás da cortina, ou, no caso, das telas, simplesmente não puseram um fim à saga do herói e marcaram com uma pedra o túmulo desse herói nas telonas? Simples, simplesmente lucro. O Aranha é um daqueles heróis que, diferente de Arthur Dent (Guia do Mochileiro das Galáxias), possui fãs leigos, como seu barman. Enquanto muitos filmes são de estação e, passando a febre, a bilheteria das sequências cai junto com a qualidade, heróis como o Aranha e Batman sempre tiram as pessoas de casa, independentemente das críticas. Enquanto a bilheteria de um filme foi maior que seu orçamento, Hollywood viverá e fará sequências… É realmente triste…

A indústria cinematográfica nos força cada vez mais a separar o trigo do joio, e está cada vez mais difícil achar trigo… Mas às vezes nos surpreendemos e encontramos uma pérola, algo que faz nossa esperança na parte mainstream do cinema crescer. Esse filme é uma dessas pérolas.

O filme é dirigido por Marc Webb já era um experiente diretor de clipes musicais (o que, aliás, parece ser um gabarito atualmente, vide Spike Jonze) e estreou com longas incrivelmente bem, com “(500) Days of Summer” (que logo estará aqui no Torresmo!), de 2009, sendo “The Amazing Spider-man” seu segundo longa metragem.

Peter Parker, um dos nerds mais adorados da história, é encarnado por Andrew Garfield (Eduardo Saverin de “A Rede Social”). Nesse filme, diferentemente dos outros, o sujeito é Peter Parker e não o Aranha, logo temos muito mais o homem do que a máscara, que, com a cena pós créditos não parecem estar tão distintos nos propósitos de seu pai… A atuação de Garfield é impecável e traz uma nova faceta do nerd (com a qual eu me sinto mais confortável e pela qual me sinto melhor representado), menos certinho do que o Peter de Tobey, mais solto (até de skate ele anda meu povo!), mas, claro, ainda inseguro e patético. Um salve pra toda a nação nerd que está lendo esse post. É nóis. Mães, segurem suas filhas, pois aí vai uma foto do ator.

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Chega às mãos de Parker, órfão e ainda um estudante de colegial, uma antiga maleta de seu pai que traz detalhes de seu trabalho na Oscorp, uma corporação que atua em várias áreas, estando focada no filme a de bio-pesquisas. O conteúdo da pasta leva Parker à Oscorp, onde ocorre a fatídica picada ui!da aranha radioativa, e a conhecer um antigo amigo e colega de pesquisas de seu pai, Dr. Curt Connors, em atuação também impecável de Rhys Ifans (que já atuou como Xenofílio Lovegood em 2010, em Harry Potter e as Relíquias da Morte parte – 1). Seu trabalho com Dr. Connors, um homem que tem problemas em navegar na internet com a mão direita, se é que me entende, leva à descoberta de um composto que, quando injetado em alguém restitui a esse indivíduo temporariamente o membro perdido, ao que se segue um efeito colateral: O indivíduo é transformado, por um certo período de tempo, em um misto de lagarto e humano gigante e com força sobre-humana e sobre-reptiliana. Após o retorno, o indivíduo guarda caracteres reptilianos, como uma pele escamosa que cobre o pescoço do Dr. Connors e que deixaria qualquer revendedora avon riquinha da silva.

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 É o mesmo “Um Roteiro” citado pela professora de literatura de Parker ao final do filme: “Quem sou eu?”. Assistimos deliciados (e com razão), Parker tentar conciliar o adulto e o adolescente e, como se não fosse o suficiente, o herói e o vingador criados pela morte de tio Ben (Martin Sheen, de “Apocalypse Now”), que, vale acrescentar, não diz A frase: “Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”, mas a ideia está lá.

O filme é, como um todo, sublime. Seu humilde barman é suspeito para falar, pois é um fã leigo, que assistiu todos os 136 minutos do filme sorrindo retardadamente, que nunca leu uma HQ do herói por falta de oportunidade, mas que cresceu assistindo os filmes do Aracnídeo e o desenho apresentado pela TV Globinho no começo dos anos 2000. Nesse desenho, inclusive, como no original, a teia usada pelo herói é lançada por um dispositivo criado pelo próprio Parker, fator que foi esquecido com o Aranha de Tobey Maguire e ressuscitado com o de Andrew Garfield.

E está no filme, como já é tradição, a cena em que aparece Stan Lee, co-criador do Aranha e de vários outros heróis da Marvel, e vale acrescentar que sua aparição está hilária.

Guardei o melhor para o final. A mocinha, anteriormente a já estonteante ruiva Mary Jane Watson interpretada pela loira Kristen Dunst, é agora, mais fielmente à HQ, a loira Gwen Stacy interpretada pela ruiva Emma Stone (a Wichita, de “Zumbilândia”). Senhores, por favor, suspiros e aplausos, pois aqui vai uma foto, e essa será bem grande.

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Bem meus caros, aqui concluímos nosso segundo Torresmo, foi um prazer inenarrável tê-los comigo e os deixo ao som dos Ramones e com a promessa de um “A Estante” de pés grandes, peludos e sorrateiros… (Entendedores vão entender). E não estou falando de pouca miséria não, faremos barba, cabelo e bigode, ou devo dizer… Livro, HQ e filme? Até a próxima e um ótimo dia. Saúde.