Torresmo e Caipirinha #13 – Django Livre (Django Unchained)

FINALMENTE!!!

Sim meus caros!!! Mesmo depois de 21 dias depois da estreia em países de língua inglesa, apesar da ausência de sessões legendadas na minha região, mesmo tendo perdido a sessão das das 14:30 e ter que esperar até à das 18:00 morrendo de fome… EU VI! EU VIM! EU VENCI!

Senhoras e senhores, dessa vez sem delonga alguma: DJANGO LIVRE!!!

Ah Django... Só posso dizer: "Parla!"

Ah Django… Só posso dizer: “Parla!”

Por onde começar??? Tantas coisas… Tantos… Pontos… Altos…

Ok, vamos começar assim, mesmo sendo uma tiete louca  um grande fã do diretor, Quentin Tarantino, e mesmo tendo criado grande expectativas de todo o tipo sobre o filme, ainda consegui me surpreender (MUITO) com a qualidade de tudo no filme, ter reações patéticas, sentar na beira da cadeira com o queixo no chão e os olhos lacrimejando (tanto como de não piscar como de ver uma obra de arte singular) e comer pipocas, unhas, dedos, braços e cadeiras como se nunca tivesse visto um filme na vida. Que tal?

Muito vago ainda?

Concordo plenamente!

Por personagens então! Um, dois, três e valendo!

E então? Estiloso ou estiloso pra c******?

E então? Estiloso ou estiloso pra c******?

O filme começa nos mostrando a jornada de Django (o ator, músico, radialista, comediante e perito em croissants (só que não) Jamie Foxx), acorrentado a três outros escravos negros e sob a vigilância de dois mercadores de escravos, montados e armados, através de longas distâncias, sob o sol forte e pela noite fria das regiões ao sul da América do Norte, mas precisamente Texas, no começo da história.

O ator domina o personagem perfeitamente e se aproveita do espaço dado por Tarantino para os atores realmente atuarem (coisa que, por incrível que pareça, é rara hoje em dia) e é magnético durante todo o filme, sempre muito comunicativo mesmo quando não fala nada. Ele deixa o personagem fluir através de si e se torna Django.

Agora, por mais que sua atuação seja boa, ela é só o topo do iceberg. Daqui em frente só melhora.

Dentista de formação, caçador de recompensas de profissão... É... Não tá fácil pra ninguém...

Dentista de formação, caçador de recompensas de profissão… É… Não tá fácil pra ninguém…

Mas eis que, enquanto os escravos andavam pela noite, uma carruagem suspeita se aproxima… Balançando comicamente sobre ela, um… Dente gigante??? Sim sim, meus caros, pois se trata da carruagem do Dr. dentista King Schultz (o austríaco genial Christoph Waltz, que surgiu para o mundo holywoodiano com “Bastardos Inglórios”, também de Tarantino, pelo qual foi amplamente premiado, feito que já se repete em Django).

O Dr. Schultz, atualmente atuando como caçador de recompensas, precisava de alguém que pudesse reconhecer os rostos dos irmãos Brittle, procurados, e Django é um dos poucos que podem ajudar. Ele liberta Django e pede sua ajuda: daí surge uma grande parceria, amizade, história e missão, pois Django foi separado de sua mulher, Broonhilda, e contará com a ajuda de Schultz para encontrá-la…

Assim como em “Bastardos”, Waltz brinca com as cenas tensas e nos faz, com um talento avassalador diguidim diguidim, rir apesar de estarmos na beira da cadeira roendo as unhas… Não é a toa que foi indicado para o Oscar de melhor ator coadjuvante…

O nome “Schultz” soa familiar? Não? Reveja Kill Bill volume 2 e pense na região em que se passa a história para uma surpresa…

"Vocês já tinham minha curiosidade, mas agora têm minha atenção..."

“Vocês já tinham minha curiosidade, mas agora têm minha atenção…”

Mas quem disse que reencontrar Broonhilda seria fácil? No caminho da dupla ainda há Calvin J. Candie, um playboy, latifundiário e proprietário de escravos (incluindo Broonhilda). E ele não está afim de facilitar as coisas…

No melhor papel de sua carreira, Leonardo DiCaprio consegue a curiosidade, a atenção e o ódio (nessa ordem) de todos os espectadores, brincando com nossas emoções como todo vilão habilidoso deveria  ele prova mais uma vez, assim como Brad Pitt provou, que não é só um rostinho bonito e justifica seu destaque!

Uma curiosidade: na cena em que Candie pira, esmagar um copo com a mão não era parte do roteiro, ou seja, DiCaprio surpreendeu a todos ali e talvez até mesmo a si próprio ao fazê-lo. O corte e o sangramento não o impediram de continuar a cena, dando ao seu ar psicótico ainda mais veracidade, criando uma cena que sozinha é uma obra de arte e que será lembrada por anos como um epic win de atuação. Uma salva de palmas: ele foi foda.

#PapagaioDePirata. Ou será que não?

#PapagaioDePirata. Ou será que não?

Django Livre pode ter sangue, atitude, uma história épica e humor ácido, mas ainda falta algo que praticamente todo filme de Tarantino deve ter… Sim! Falta Samuel L. Jackson!

Aqui o eterno bad motherfucker incorpora, também de maneira incrível, o escravo Stephen, de longe a figura mais cômica do filme, o criado de Calvin Candie mostra ter uma mente bem simples e corroborada pelo patrão, além de ser bem estúpido. Ou será que ele guarda algum segredo?

~suspiro~

~suspiro~

E temos, finalmente, Broonhilda von Shaft, a escrava criada por alemães que inspirou toda essa aventura e o amor de Django.

Interpretada por Kerry Washington, Broonhilda tem uma participação diminuta no filme, mas sendo ao mote dessa aventura e incrivelmente linda, não será esquecida tão cedo…

Outro poster do filme

Outro poster do filme

Apesar de o Hobbit ter sido o filme que mais fez barulho no ano todo, retiro minhas palavras e digo: Django Livre é, de longe, o filme do ano.

E mais uma vez #GettingReallyTiredOfYourShit, Tarantino prova e dá aulas a quem quiser aprender cof cof PETER JACKSON cof cof de como é possível manter um estilo e ainda assim surpreender crítica e público. Mas Jackson merece um desconto: ele e Tarantino não estão na mesma pegada vendido…. O diretor acertou em tudo.

Cuidado: artista trabalhando

Cuidado: artista trabalhando

O diretor, que aliás, como em todos os seus outros filmes, faz uma ponta nesse, não erra o alvo uma vez, chamando a atenção principalmente para um fator: o enquadramento.

O filme não tem UM (e isso não é uma hipérbole), UM enquadramento feio sequer, tornando a experiência, inconscientemente para quem não percebe isso, infinitamente mais agradável e bela. Tão bela que será comum a comparação do filme com uma HQ.

Isso mesmo. Ao contrário do Spielberg de”Tubarão” e “E.T.”, Tarantino não faz uma HQ que é um filme, com roteiro simples e cenas estereotipadas, mas um filme que é uma HQ. Tão perfeitos são os seus enquadramentos que pode-se acreditar que ele rascunhou cada take do filme antes de filmá-los. Simplesmente incrível.

Quando você ensina Spielberg a jogar o próprio jogo, você já é um mestre dos mestres

Quando você ensina Spielberg a jogar o próprio jogo, você já é um mestre dos mestres

Bem, meus caros, em resumo: Django é divertido, eletrizante, bem feito, forte, engraçado, profundo e ainda assim consegue pegar onde dói na sociedade estado unidense e ocidental como um todo, sobretudo no papel de Calvin Candie, que escancara muitas interações preconceituosas que até hoje são idênticas, tanto em nível social como em nível profissional.

DJANGO LIVRE É UM FILME OBRIGATÓRIO DE SE VER!!!
NOTA – 11/10 – PERFEIÇÃO