Torresmo e Caipirinha #7 – O Hobbit, Uma Jornada Inesperada (“The Hobbit, An Unexpected Journey”)

Boooooooníssimo dia, tarde, noite ou éon, dependendo de sua escala de tempo, meu caro pubiano! Aqui quem fala é o seu sempre atualizado (só que não) Barman Verde com uma super análise de “Senhor dos Anéis – 4”!!!

Brincadeirinha! Vamos falar é claro do filme que, antes mesmo de seu lançamento já era o filme do ano, e sobre o qual tanto escrevi durante o ano: “O Hobbit, Uma Jornada Inesperada” (no original “The Hobbit, An Unexpected Journey”). Um filme também conhecido por alguns aqui no Brasil como ai meu coração!: “O Robert”. Lá vai!

"The road goes ever on and on, down from the door where it begins..."

“The road goes ever on and on, down from the door where it begins…”

Comecemos, como de costume, com as tecnicidades:

A primeira parte da trilogia (que será continuada por “The Desolation of Smaug” e “There and Back again”, em tradução livre leve e solta, “A Desolação de Smaug” e “Lá e de Volta Outra Vez”) foi dirigida (“foi” pois as filmagens se concluíram antes da premiére) por um dos diretores preferidos de seu Barman, Peter Jackson, que antes já tinha em seu currículo como melhor, mas não único trabalho fora de série, a trilogia O Senhor dos Anéis entre outros, que ficam pra os próximos Torresmos. A trilogia foi baseada no livro de (também um dos escritores preferidos de seu Barman) J. R. R. Tolkien “O Hobbit”, de 1937, que precedeu, em publicação e em cronologia da Terra-Média, a história do Senhor dos Anéis.

O filme teve, como roteiristas responsáveis por adaptar o livro às telas, Peter Jackson, sua parceira de longa data e esposa Fran Walsh, Philippa Boyens (ambas parceiras roteiristas no “Senhor dos Anéis”) e, como novo elemento na trupe, o diretor mexicano Guilhermo Del Toro, já conhecido por trabalhos como “Hellboy”, de 2004 e “O Labirinto do Fauno”, de2006. Ele que, originalmente, seria o diretor da trilogia, largou o projeto em 2010, que passou a ser, como sempre deveria ter sido, de Peter Jackson.

Agora, sendo fã de ambos, diretor e autor, e de bom cinema, vocês podem imaginar o caos de opiniões que está a minha cabeça, então… Vamos dividir seu Barman em três e ouvir a opinião de cada um deles

Como fã de bom cinema (Barman Cinematográfico)

O filme merece 4,8 estrelas de 5.

É realmente muito bom, conta com atuações incríveis em termos gerais, mas principalmente do já lendário Martin Freeman (que vale lembrar, já havia interpretado Arthur Dent no “Guia do Mochileiro das Galáxias”, 2005) como Bilbo Bolseiro, com caras, bocas e trejeitos que, sozinhos, fazem o espectador ver o que se passa na cabeça do personagem, e, como todo bom ator faz, rir e sofrer junto. Outras interpretações dignas de nota são as de Andy Serkis, um, como sempre, muitíssimo bem construído Gollum/Sméagol e a de Ian McKellen, que, assim como na trilogia anterior, entra na pele de Gandalf, o Cinza tão confortavelmente que se esquece que aquele é um ator.

O trabalho de câmera  e efeitos especiais seguem tão bons quanto os vencedores de Oscar na trilogia do Anel, simplesmente incríveis, assim como a direção de arte e fotografia, que são tão boas que é quase um choque ver os créditos e voltar à vida fora da Terra-Média. Não me surpreenderia se tivéssemos aí mais um filme devorador de Oscar.

O mito Martin Freeman na pele do mito Bilbo Bolseiro

O mito Martin Freeman na pele do mito Bilbo Bolseiro

O roteiro, apesar de ter vindo dos restos de um livro picotado, consegue manter um começo, meio e fim ajeitadinho, com um clímax no lugar certo, terminando no momento certo e bem amarrado, sem deixar quase nenhuma ponta solta.

A única coisa que incomoda é o excesso de cenas do tipo “hey, olha pra mim, eu sou em 3D!!!”, não em quantidade, mas em serem situações, na maioria dos casos, forçadas, como a cena dos gigantes de pedra… O filme não precisava disso. Não combina com o estilo Peter Jackson de filme, e, fosse isso num contexto de câmera 100% novo, seria perdoável, mas isso vai no meio do trabalho de câmera épico, que é o mesmo da trilogia do Anel, e… Pra que mexer em time que está vencendo? Vai entender…

No mais, o filme te faz rir, te deixa tenso, aliviado, feliz etc quando quer, e é assim que um bom filme tem que ser.

Como fã de Peter Jackson (Barman tiete)

O filme merece 4,5 estrelas de 5.

Sempre se espera muito de um filme de Jackson, e quase sempre temos as expectativas justificadas, quando não superadas. O cara é um gênio que, em sua geração, só encontra igual em Tarantino. Está sempre se superando e faz obra de arte atrás de obra de arte, sem nunca decepcionar o expectador que conhece seu trabalho… Até hoje. Ok, eu sei, “King Kong” também foi, apesar ok, uma decepção em termos de Jackson, mas nesse caso o 100% de sucesso era certo.

O gênio volta à Terra-Média com uns quilinhos a menos e uns cabelos brancos a mais para, independentemente de quão chatos sejamos, no maravilhar...

O gênio volta à Terra-Média com uns quilinhos a menos e uns cabelos brancos a mais para, independentemente de quão chatos sejamos, no maravilhar…

Esperava mais, uma superação no diretor que sempre se supera, mas acho que, depois da perfeição que foi a saga do Anel, fica difícil se reinventar e melhorar, tanto que uma obra de arte dessas acaba parecendo “meh”. Mas ainda assim, a razão apela para as nossas expectativas: foi um puta filme. Talvez  o melhor do ano até agora. Então… É, acho que ele tá perdoado

Como fã de Tolkien (Barman Tolkeniano)

O filme ganha 3,8 estrelas de 5.

O que mais dói em um fã de Tolkien, o homem que quis que a trilogia do Anel fosse publicada em um livro só e que 5 livros fossem publicados em só um Silmarillion, é ver um livro que podia ser feito de maneira razoável em um filme e maravilhosamente bem em dois ser esquartejado em três filmes… Sabe-se lá como.

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Hora de roubar uma imagem do 9gag… Ladrão que rouba ladrão…

~ALERTA DE SPOILER~

Pra quem conhecia a história, essa fatia surpreende, já que o esperado era que o filme fosse até a despedida de Gandalf da Companhia de Thórin, na beira da Floresta das Trevas, tornando sua despedida um ponto final perfeito… Porém, ao terminar o filme como terminou, no ninho das águias, Peter cria, pra quem já conhecia o livro, um anticlímax poderoso…

Outra coisa que muito me incomoda no filme é a criação de dramas inexistentes no livro simplesmente para… Encher linguiça.Os elfos não se opõem à busca, os orcs não caçam os anões antes da chegada às Montanhas Cinzentas, nem Saruman nem Radagast aparecem do lado da história de Bilbo, apenas encontram Gandalf em um concelho sobre a ameaça de Dol Guldur, e isso nem no livro propriamente dito está, é apenas um apêndice. E mais: o que foi aquela insinuação de romance que tentaram empurrar para Gandalf e Galadriel? Galadriel nem aparece nessa história ou nos apêndices… E é casada! Vai entender…

Mas, sem dúvida alguma, o que mais dói é a aparição de “Azog”, um senhor dos Orcs. Ele é citado no livro, mas apenas citado como morto na batalha de que, no filme, ele escapa. E orcs mortos não perseguem anões, como diz o ditado ou não. Isso foi… Desnecessário, por falta de melhor palavra.

Também esperava, já que os anões cantam duas vezes ainda na casa de Bilbo, a música “Quinze passarinhos em quinze pinheirinhos” por parte dos orcs, mas essa cena foi alterada completamente para que Bilbo pudesse salvar a vida de Thórin e conduzir o líder dos anões a um abraço final que condiz pouco com sua personalidade.

A companhia

A companhia

Um dos trunfos da adaptação foi que, enquanto no livro não há espaço para desenvolver plenamente cada um dos anões, no filme, por menos que eles apareçam, cada anão ganhou características próprias, que tornam o filme, suas situações e seus diálogos muito mais divertidos. Um brinde a Peter Jackson por isso.

O outro trunfo foi, assim como a trilogia do Anel começa com uma narração de Galadriel que situa o leitor na história, o filme começa com uma narração de Bilbo sobre os acontecimentos que precedem a queda de Erebor e Vale  no fogo de Smaug, além da própria queda. Tudo, além de narrado, em forma de cena. Uma boa surpresa para  o fã do livro.

Média final

O filme ganha, ao final, 4,3 estrelas de seu Barman.

Em suma, uma obra de arte. Um legítimo trabalho Jackson, e, se eu tivesse que apostar, o ganhador de muitos Oscar  esse ano.

Não deixe de assistir!