Torresmo e Caipirinha #12 – Detona Ralph (Wreck-It-Ralph)

Seu Servente nunca descansa só em horário de happy-hour! E cá estou eu, prolongando o meu killstreak no Pub com MAIS UM post! “Affs, Servente, você só assiste filme pra criancinhas e-” Ahem, venho ainda mais uma vez postar a minha review sobre uma animação da Disney, “Detona Ralph” (“Wreck-It-Ralph”)!

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Vamos ao enredo! “Detona Ralph” se trata da mudança de rotina que Ralph decide realizar. Também, depois de três décadas quebrando as vidraças de um prédio para vê-las sendo consertada pelo protagonista do jogo Conserta Felix, Conserta Felix Jr. (“Fix-It-Felix”), e ser tratado rudemente pelos personagens do jogo, ele decide sair do jogo, em busca de uma medalha de herói para mostrar a todos que ele também pode ser um herói. Ao longo do filme, ele vai parar em outros jogos, como “Missão de Herói” (“Hero’s Duty”) e “Corrida Doce” (“Sugar Rush”). O que acontece é que, depois que o Ralph sai do jogo sem avisar o pessoal, e as pessoas acham que o jogo quebrou. O jogo, estando em manutenção corre o risco de ter a máquina no flíper desligada, depois de 30 anos funcionando. Ainda, após ter adquirido a bendita medalha, Ralph acaba “despertando” um tipo de vírus, que põe o funcionamento do fliperama inteiro em risco. Em poucas palavras, o Ralph precisa voltar para o jogo. E rápido.

Agora, vamos ao trailer:

O filme é dirigido por Rich Moore, o cara dos Simpsons e do Futurama, e é muito bem animado (como todos os filmes da Disney). A quantidade de detalhes no filme é surpreendente, mas o meu preferido com certeza foi a textura da camiseta do Ralph. Entretanto o que mais chama a atenção no filme é a quantidade de “Easter-Eggs” e referências a outros jogos. Logo no começo, Ralph está numa dessas reuniões de Narcóticos Anônimos, só que de vilões. Lá, encontramos figuras famosas, como o Zangief (Street Fighter), M. Bison (Street Fighter), o fantasma do Pac Man (Pac Man), Bowser (da série Super Mario), o Dr. Eggman (da série Sonic) e até mesmo um zumbi (da série House of Dead). O próprio jogo “Conserta Felix” é baseado no jogo Donkey Kong, na qual Mario (antes chamado Jumpman) tinha que salvar uma moça das garras de um gorila. Só que não há moças, gorilas ou encanadores. O jogo “Missão de Herói” (“Hero’s Duty”) leva-nos a lembrar de outro jogo muito conhecido pelos gamers, Call Of Duty. Se bem que o jogo em si me pareceu uma mistura de Call of Duty, Halo e Star Fox. “Corrida Doce” (“Sugar Rush”) lembra bastante Mario Kart, só que num lugar feito de doces, onde os torcedores são doces e os corredores são garotinhas tipo “Moranguinho”. Ainda, numa cena (uma das minhas favoritas), Ralph está procurando por uma medalha em uma caixa de papelão velha. De lá, ele tira um cogumelo vermelho (da série Super Mario) e um ponto de exclam ação vermelho (típico da série Metal Gear).

Sergeant Calhoun, em toda a sua “maneirice”. Com certeza o personagem mais másculo do filme.

Então, de maneira bem sucinta, “Detona Ralph” é adequado para praticamente todos os públicos. Ele tem esse lance MUITO infantil e meloso, com conversinhas fofinhas entre o Ralph e a garotinha Vanellope von Schweetz para as crianças, momentos emocionalmente épicos (perto do final) para os mais crescidinhos, momentos de raciocínio gamer e outros simplesmente desapontantes.

O filme foi uma tentativa meio falha de conciliar o infantil, com o adulto, com o meio-termo, digamos. Sim, o filme tem sim alguns pontos bons aqui e ali, mas ele não consegue fazer tudo isso de uma vez. As cenas de ápice emocional foram muito breves, e a emoção não teve tempo o suficiente para perdurar no consciente. Ainda assim, HOUVE UMA CENA que conseguiu tal feito. Mas digamos que eu nunca fiquei tão desapontado com um resgate épico. Sei lá, é aquele sentimento de “vamos fazer esses personagens sofrerem por mais um pouco” entrando em ação no meio do filme. As partes infantis não foram infantis de “ai, que catchito, coisinha mais linda”, mas infantil de “porra, vamo logo, coisa chata”. O enredo meio que se perde nele próprio, e pra alguém que joga, é até um pouco previsível. Achei um pouco difícil para as crianças assistindo acompanharem o enredo, pelo fato de se utilizar de muitos termos técnicos, como “bugs”, “glitches” e “tilts”.

O filme tem seus momentos marcantes, como o lema “Sou mau, e isso é bom. Eu nunca serei bom, e isso não é mau. Não há ninguém que eu queira ser além de mim.”

O final é satisfatório. Ponto. Mas engraçadinho e bonitinho no estilo Disney, claro.

Na verdade, o saldo do dia só saiu no lucro por causa do curta-metragem apresentado antes do filme, chamado Paperman.

Um dos poucos curtas que conseguiu prender minha atenção do início até o fim. Um curta bonitinho e muito bem feito. Chega até a ser emocionantezinho, graças à trilha sonora, além de engraçadinho também.

(Obs.: consertei o link, já que o vídeo anterior havia sido bloqueado. Bem, a Disney decidiu lançar o vídeo oficial, e, graças ao Supremo, podemos assistí-lo em HD)

Então… É isso! Espero que tenham gostado e até a próxima! (Obs.: acessem o nosso feici :3)

Torresmo e Caipirinha #3 – Valente (Brave)

Saudações do seu amado e querido, sensual e sedutor, lindo e charmoso Servente Vermelho. Só para quebrar o hábito e contrariar o sistema, hoje, quem vos fala sou eu mesmo. Assim como o Barman Verde, não tenho ido muito ao cinema, a última vez tendo sido no início desta Translação Solar, de número 2012 desde a vinda de Cristo à terra dos pecadores amém. E como foi bom sentir o cheiro de pipoca novamente, sentar naquela poltrona macia mais uma vez. A paranoia, sim, a paranoia; doce veneno. Sem nenhum tostão no bolso, seu humilde servente pegou o busão 275 e rumou para o cinema mais próximo, em um shopping a 5km de sua residência. Contando o dinheiro que sobrou, comprou uma meia-entrada, uma porção pequena de pipoca (com manteiga, porque é de graça) e um copo igualmente pequeno de Coca. Minha mamãe me acompanhou nessa épica aventura. É. Mas, enfim, depois de muita correria, cheguei 5 minutos atrasado à primeira sessão do dia.

Fazia tempos que eu não assistia um filme da Disney, muito menos da Pixar. Fiquei interessado no filme, primeiramente, por causa da trilha sonora (que baixei, ahn, ilegalmente na In… ter… net…). O que não faltam nas canções que adornam a nova animação da Disney Pixar foram as nossas ilustres gaitas de fole, flautas e tambores (alguns Bodhráns, se eu não me engano). Em certas músicas, houveram participações especiais, dentre as quais quero destacar a banda “Mumfords & Sons”. Recomendo-a fortemente para quem curte um estilo mais acústico de música.

Eu sou uma pessoa que apresenta uma certa resistência contra assistir filmes destinados a crianças. Mas a magia, a beleza inserida no filme – que mostrou-se uma verdadeira obra de arte – quebrou essa barreira. Por isso, crianças, nunca julguem um livro pela capa. “Valente” é uma verdadeira lição de amor fraterno entre uma mãe e sua filha rebelde até o último fio de sua louca cabeleira ruiva. A câmera passeia pelos campos, montanhas e vales escoceses. A magia e o mistério se ocultam em cada árvore do enevoado bosque, em cada lenda contada na estória do filme.

O enredo se trata da princesa Merida, filha do forte rei Fergus e da sábia e rigorosa rainha Elinor, que, para manter uma longa tradição, tem que se casar. O primogênito de cada um dos três clãs que formam o reino são apresentados a ela, a fim de que um deles seja escolhido por Merida para ser o futuro rei. MAAAAAAS! Como toda filha adolescente e rebelde, Merida se recusa a seguir a tradição; não quer se casar por querer manter viva a sua liberdade. Quer usar seu arco e flecha, manejar livremente sua espada e vestir-se como bem entender. O que não agrada muito a rainha Elinor. Claro, o rei Fergus não liga muito para como sua filha age, mas que acaba baixando a cabeça para sua esposa (hehe).

Depois de um bate-boca tenso entre mãe e filha, a ruiva foge de casa (um viva aos clichês) e acaba se encontrando com uma estranha “carpinteira”, que na verdade é uma bruxa. Merida pede a essa bruxa um encanto que possa mudar sua mãe, para que ela a entendesse e talz. Mas, digamos que as coisas não vão como planejadas. Bem, vou ter que parar por aqui. Malditos spoilers.

O filme apela bastante ao público pré-adolescente, ascendendo para o lado feminino. Merida é a típica garota durona e independente; como o próprio título sugere, a ruivinha é bem valente, tem personalidade e foge bem do estereótipo Disney de protagonista. O trailer é bem interessante e… “forte”, não sei bem como explicar isso. Um tipo de trailer que realmente dá aquela emoção e aquela vontade de ir lá assistir o filme. Aquela simples frase, naquele momento chave, com aquela música, AQUELA MÚSICA!

“Merida: Quero minha liberdade!

Elinor: Mas, filha está disposta a pagar o preço pela sua liberdade?”

E no final, então?

“Merida: Se você tivesse a chance de mudar o seu destino, você o mudaria?”

E o trailer acaba. E, de quebra, no pôster promocional do filme, há AQUELA FRASE: “Change your fate.” (“Mude seu destino”).

O filme, apesar de seus clichês, é bom, e engraçado até o fim. A única grande crítica que eu tenho mesmo foi uma certa estaticidade, na minha humilde opinião. “Valente” alcança e toca os corações dos adultos, adolescentes e crianças; um filme que recomendo para todos!

Extras: Tá, como eu disse, eu fui no cine com a minha querida mommy. O que torna o filme infinitamente mais tocante. O final é simplesmente tocante. Seja pela escolha das palavras naquela situação específica, se você acompanhou o filme com os seus sentimentos todos (ui), com certeza vai sentir o que eu senti.

Torresmo e Caipirinha #02 – O Espetacular Homem-Aranha (The Amazing Spider-man)

Bom dia, tarde, noite ou éon, meu caro amigo pubiano. Como vai você? Bem, eu espero. Eu (caso queira saber) vou muito bem, principalmente pois ontem fui ao cinema depois de um ano e três dias (sim meus caros… 368 dias sem ver a grande tela, por falta de tempo, dinheiro, oportunidade e outros fatores). Ah, como agradou meus olhos a qualidade de imagem típica de um cinema… O suave tremelicar da imagem projetada no pano branco… Ah. Obrigado irmãos Lumiére… Obrigado…

Onde estávamos? Ah, sim. A ida foi tempestuosa em minha mente, e muitas questões se levantavam sobre o filme em questão além da “Será que é bom?” típica. Não quero ser aquele pseudo-jovem chato que afirma que o rock acabou a cada seis meses, ou que nada de novo é criado, mas questiono. Não estamos nós vivendo de ecos do passado? Teríamos perdido, em certo ponto da história moderna a capacidade de criar? É válido se abster de criar para apenas refazer e dar novos pequenos detalhes? As artes seguem sendo artes quando são apenas mímicas (da história e da arte) com retoques? Mas acima de tudo, pode ser um desses ecos de qualidade comparável ou maior que o feito original?

Não sei… Sou apenas um filósofozinho maldito, querendo dividir os espinhos de minhas questões com vocês, meus leitores Pubianos… Sofram, meus fantoches… MWAHAHAHAHAH

Mas uma certeza eu posso dar: o filme visto está escusado de todas essas perguntas por ser… Incrível, em todos os sentidos. Senhoras e senhores, crianças e crianços, com vocês: O espetacular Espetacular Homem-Aranha.

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 É um pássaro, é um avião…? Não, é uma nova versão do herói para a sétima arte. “Mas,” dirá o leitor atento “já não haviam filmes do Homem-Aranha?” Sim sim meu caro amigo, uma série de filmes estrelados por Tobey Maguire já existia desde 2002. Então… Por que a releitura? Bem, o processo de produção do filme se iniciou com o cancelamento de Homem-Aranha 4, dando sequência à série, que, vamos combinar, já não andava tão boa assim. A velha história, primeiro filme incrível, segundo bom, terceiro… Meh (Salvo Star Wars (Guerra Civil, por favor. Clones ninguém merece), Senhor dos Anéis e um seleto do grupo, no qual nem O Poderoso Chefão se encontra. Sejamos honestos Copolla, três É demais).

Mas… Por que esses engravatados por trás da cortina, ou, no caso, das telas, simplesmente não puseram um fim à saga do herói e marcaram com uma pedra o túmulo desse herói nas telonas? Simples, simplesmente lucro. O Aranha é um daqueles heróis que, diferente de Arthur Dent (Guia do Mochileiro das Galáxias), possui fãs leigos, como seu barman. Enquanto muitos filmes são de estação e, passando a febre, a bilheteria das sequências cai junto com a qualidade, heróis como o Aranha e Batman sempre tiram as pessoas de casa, independentemente das críticas. Enquanto a bilheteria de um filme foi maior que seu orçamento, Hollywood viverá e fará sequências… É realmente triste…

A indústria cinematográfica nos força cada vez mais a separar o trigo do joio, e está cada vez mais difícil achar trigo… Mas às vezes nos surpreendemos e encontramos uma pérola, algo que faz nossa esperança na parte mainstream do cinema crescer. Esse filme é uma dessas pérolas.

O filme é dirigido por Marc Webb já era um experiente diretor de clipes musicais (o que, aliás, parece ser um gabarito atualmente, vide Spike Jonze) e estreou com longas incrivelmente bem, com “(500) Days of Summer” (que logo estará aqui no Torresmo!), de 2009, sendo “The Amazing Spider-man” seu segundo longa metragem.

Peter Parker, um dos nerds mais adorados da história, é encarnado por Andrew Garfield (Eduardo Saverin de “A Rede Social”). Nesse filme, diferentemente dos outros, o sujeito é Peter Parker e não o Aranha, logo temos muito mais o homem do que a máscara, que, com a cena pós créditos não parecem estar tão distintos nos propósitos de seu pai… A atuação de Garfield é impecável e traz uma nova faceta do nerd (com a qual eu me sinto mais confortável e pela qual me sinto melhor representado), menos certinho do que o Peter de Tobey, mais solto (até de skate ele anda meu povo!), mas, claro, ainda inseguro e patético. Um salve pra toda a nação nerd que está lendo esse post. É nóis. Mães, segurem suas filhas, pois aí vai uma foto do ator.

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Chega às mãos de Parker, órfão e ainda um estudante de colegial, uma antiga maleta de seu pai que traz detalhes de seu trabalho na Oscorp, uma corporação que atua em várias áreas, estando focada no filme a de bio-pesquisas. O conteúdo da pasta leva Parker à Oscorp, onde ocorre a fatídica picada ui!da aranha radioativa, e a conhecer um antigo amigo e colega de pesquisas de seu pai, Dr. Curt Connors, em atuação também impecável de Rhys Ifans (que já atuou como Xenofílio Lovegood em 2010, em Harry Potter e as Relíquias da Morte parte – 1). Seu trabalho com Dr. Connors, um homem que tem problemas em navegar na internet com a mão direita, se é que me entende, leva à descoberta de um composto que, quando injetado em alguém restitui a esse indivíduo temporariamente o membro perdido, ao que se segue um efeito colateral: O indivíduo é transformado, por um certo período de tempo, em um misto de lagarto e humano gigante e com força sobre-humana e sobre-reptiliana. Após o retorno, o indivíduo guarda caracteres reptilianos, como uma pele escamosa que cobre o pescoço do Dr. Connors e que deixaria qualquer revendedora avon riquinha da silva.

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 É o mesmo “Um Roteiro” citado pela professora de literatura de Parker ao final do filme: “Quem sou eu?”. Assistimos deliciados (e com razão), Parker tentar conciliar o adulto e o adolescente e, como se não fosse o suficiente, o herói e o vingador criados pela morte de tio Ben (Martin Sheen, de “Apocalypse Now”), que, vale acrescentar, não diz A frase: “Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”, mas a ideia está lá.

O filme é, como um todo, sublime. Seu humilde barman é suspeito para falar, pois é um fã leigo, que assistiu todos os 136 minutos do filme sorrindo retardadamente, que nunca leu uma HQ do herói por falta de oportunidade, mas que cresceu assistindo os filmes do Aracnídeo e o desenho apresentado pela TV Globinho no começo dos anos 2000. Nesse desenho, inclusive, como no original, a teia usada pelo herói é lançada por um dispositivo criado pelo próprio Parker, fator que foi esquecido com o Aranha de Tobey Maguire e ressuscitado com o de Andrew Garfield.

E está no filme, como já é tradição, a cena em que aparece Stan Lee, co-criador do Aranha e de vários outros heróis da Marvel, e vale acrescentar que sua aparição está hilária.

Guardei o melhor para o final. A mocinha, anteriormente a já estonteante ruiva Mary Jane Watson interpretada pela loira Kristen Dunst, é agora, mais fielmente à HQ, a loira Gwen Stacy interpretada pela ruiva Emma Stone (a Wichita, de “Zumbilândia”). Senhores, por favor, suspiros e aplausos, pois aqui vai uma foto, e essa será bem grande.

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Bem meus caros, aqui concluímos nosso segundo Torresmo, foi um prazer inenarrável tê-los comigo e os deixo ao som dos Ramones e com a promessa de um “A Estante” de pés grandes, peludos e sorrateiros… (Entendedores vão entender). E não estou falando de pouca miséria não, faremos barba, cabelo e bigode, ou devo dizer… Livro, HQ e filme? Até a próxima e um ótimo dia. Saúde.

Torresmo e Caipirinha #1 – 2001: Uma Odisséia no Espaço (2001: A Space Odyssey)

Mais Uma rápida introdução~
Bom dia, tarde, noite ou éon, meu caro leitor. Aqui quem escreve é o seu sempre fiel Barman Verde, estreando um segmento novo no blog (Yaaaaaaaaay!). O leitor deve estar pensando “Como vai funcionar o segmento?” ou “Sobre o que será?” ou até mesmo “Ahn??”, e com razão! Hei de explicar-lhes: o novo segmento tratará de filmes, serão resenhas e reviews de filmes atuais, clássicos, e de outros tipos porque o blog é meu e eu faço o que eu quiser. O nome vem de “pipoca e guaraná”, os melhores companheiros de um filme, mas, como estamos em um pub, e acima de tudo um pub brasileiro (um verdadeiro boteco), o batizei de “Torresmo e Caipirinha”. Bem, tiradas as dúvidas iniciais, sigo com a programação normal e retomo possíveis perguntas na conclusão. Beijo nas nádegas e até lá!

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AVISO: PODE, OU NÃO, CONTER SPOILERS. Mas provavelmente contém…

Uau! Como falar de 2001 sem me delongar até as Terras da Chatice? Difícil… Ainda mais pra mim! Bem, comecemos pelas tecnicidades.

O filme estreou em 2 de abril de 1968, na Inglaterra. Tem a direção, roteiro e produção dele… Do eterno… Do amado… Do patriarca de uma casa de diretores geniais… Do idolatrado por seu humilde Barman e milhões e odiados por tantos outros (milhões, não barmans): Stanley Kubrick . Pra muita gente esse já é um certificado de filme bom, mas não me demoro na babação de ovo pelo diretor, no futuro farei um post completo sobre essa lenda, esse monstro sagrado. Resumo para os desavisados: diretor de poucos filmes foi a prova viva de que quantidade não é qualidade. Em seus 50 anos de carreira dirigiu apenas 13 longas e deixou um 1 interminado (A.I. Inteligência Artificial lançado em 2001 e dirigido por Steven Spielberg, seu, também genial, sucessor, que apenas deu continuidade ao trabalho a ele passado por Kubrick em 1995), porém em sua carreira de poucos números dirigiu filmes como O Iluminado (“The Shining”, 1980) e Laranja Mecânica (“Clockwork Orange”, 1971) entre outros grandes clássicos modernos. Infelizmente, Kubrick não era um elfo e teve que provar do gosto amargo da mortalidade, nos abandonando em 7 de março de 1999, aos setenta anos. “Be in peace, son of Manhattan”.

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O filme recebeu apenas um Oscar (Efeitos especiais) apesar de ter sido indicado para quatro (efeitos especiais, melhor roteiro original, melhor direção de arte e melhor direção), mas como todos já percebemos e esses números ressaltam, os entendidos que fazem o Oscar não entendem de nada. O roteiro tem a co-autoria de Arthur C. Clarke, autor do conto “The Sentinel”, que inspirou o filme.

O filme é dividido em quatro partes, começando por “The Dawn of Men” (“A Aurora da Humanidade”, em tradução livre, leve e solta), em que é retratado o cotidiano de um bando de… Australopitecus? Homo Peludos, Homo Macaquicus… Enfim, de algum ancestral evolutivo do homem com mais potencial pra chimpanzé do que para humano. Sua luta nos desertos africanos para encontrar água e comida e até um embate entre dois grupos desses ancestrais por uma poça d’água. O grupo que seguimos é rechaçado, volta pra sua morada e dorme ao cair da noite para recuperar as energias para mais um dia de luta pela vida. Porém, pela manhã, no centro de sua cratera surge uma grande e grossa placa de algum mineral preto batizada por fãs de “O Monolito”. A histeria é geral, os macacos não sabem o que é aquela coisa e como chegou lá durante a noite, e essa é uma das grandes tiradas de Kubrick no filme. A histeria dos macacos, mais a trilha sonora tensa mais o Monolito de pedra preta e lisa que surgiu silenciosamente durante a noite deixam o espectador tão confuso ou mais do que nossos próprios tataravós simiescos, nos aproximando deles e reduzindo a noção de poder e conhecimento infinitos criados pelo arrogante Homo Sapiens Sapiens.

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O Monolito não faz nada e logo nossos avós evolutivos passam a ignorá-lo em uma atitude que perturba o espectador (“Como eles esqueceram aquele bagulho lá tão rápido?!?!”) e que, mais uma vez, genialmente, nos remete a uma atitude igual a de nossa espécie ‘racional’ e ‘evoluída’, que é simplesmente se acostumar com as coisas e o mundo, esquecendo de como tudo é interessante e estranho, o Sol sumir e depois retornar, a água virar gelo, os bebês saírem das mães… Bog abençoe as crianças.

A vida segue na Terra, o bando espalhado pela árida savana procurando vegetação para comer e dividindo espaço com um ancestral da anta (eu… acho). Mas então, algo acontece. O Monolito se alinha com o Sol e com a Lua e sua magia (?) se mostra. Um de nossos avós em meio a vário ossos de anta tem uma ideia, em uma atuação não verbal tão brilhante que se vê a ainda não inventada lâmpada sobre sua cabeça. Ele segura um fêmur (ou só um osso muito grande e duro) e começa a martelar de leve a pilha de costelas e outros ossos, enquanto um dos mais famosos temas da história do cinema, Also sorach Zarathustra, de Richard Strauss, toca ao fundo. Quando percebe o que acaba de acontecer, vovô começa a golpear mais coisas com o osso, usando-o para matar antas e poder comer sua carne, por exemplo.

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Nossos queridos símios voltam para a poça d’água, agora andando (apesar da postura sofrível que faria qualquer fisioterapeuta cortar os pulsos) sobre duas patas, tendo se adaptado à necessidade de segurar o bastão de osso. Ocorre um massacre. O líder do bando adversário é atingido na cabeça e depois destruído pela tribo antes inferior e seus bastões. A primeira batalha da humanidade acaba. Os vencedores pulam de alegria e um deles joga seu bastão para os céus, onde, num dos cortes mais conhecidos, o osso, no meio do vôo é substituído por um satélite orbitando a Terra, simples e genial.

Assim começa a segunda parte do filme, com cenas de satélites artificiais e estações espaciais orbitando a Terra em sua dança, ao som de o Danúbio Azul, de Johann Strauss, caracterizando uma das muitas coisas que Kubrick revolucionou com esse filme, o uso de música clássica não como algo a mais para a dramatização da cena, mas como algo a mais para ajudar na criação da imagem desejada pelo diretor, como percebido mais fortemente em Laranja Mecânica (num futuro próximo, meus caros… Num futuro próximo…).

Essa parte do filme conta como, no início do século XXI foi encontrado algo próximo a uma base lunar que pode ser a maior descoberta arqueológica da história humana. O Dr. Heywood R. Floyd (William Sylvester) viaja, com enfado, em um vôo, à Lua, em cenas do interior de naves espaciais em gravidade zero que fazem Kubrick merecer 5,723 Oscars de efeitos especiais. Exemplo: uma aeromoça, ou devo dizer… Espaçomoça? ba dum tsss andando pelo teto da espaçonave. Efeitos computadorizados? Para os fracos. Kubrick usa uma centrífuga circular gigante, que gira lentamente junto com a câmera enquanto a atriz anda para o ponto mais baixo, fazendo parecer (de forma muito convincente) que é ela que sobe pelas paredes.

O Dr. Heywood chega à Lua e discursa para um seleto comitê na base evacuada sobre a necessidade de tal descoberta ser mantida em segredo, pois a humanidade não estava pronta pra ela.

A descoberta se deu por meio de um pulso magnético absurdamente forte apontado para Júpiter que foi detectado pelos aparelhos da base, que ficava nos arredores. Quando são feitas escavações lá estava ele. O famigerado Monolito. E, pelas circunstâncias em que foi encontrado, não caiu lá, foi enterrado. Prova decisiva de vida fora da Terra. Dr. Heywood tem um primeiro contato com o Monolito que nos remete ao dos símios: o medo de se aproximar, o impulso de tocar, a hesitação etc. Os pesquisadores se reúnem na frente do Monolito para tirar uma foto, como diria a Servente Vermelha, “Num nojento comportamento facebooquico”. E eis que o Monolito solta um ruído agudo que faz todos caírem de joelhos, tentando tapar seus ouvidos através dos capacetes espaciais. Fim da parte 2, “TMA-1” (Tycho Magnetic Anomaly One)

Image “Mission Jupiter”, a terceira parte do filme se passa 18 meses após a última cena, e já começa dentro da nave Dicovery One, rumando para Júpiter. A nave conta com uma tripulação de seis: três pesquisadores em estado de hibernação até a chegada em Júpiter, os astronautas Dr. Frank Poole (Gary Lockwood) e o Dr. David Bowman (Keir Dullea), que nada me tira da cabeça ser uma referência a David Bowie, compositor e intérprete da música “Space Oddity”, a favorita deste Barman, com infinitos pontos em comum com o filme. O sexto homem da tripulação é o computador de última geração HAL-9000, cuja série possui tem uma folha de operações imaculada, livre de quaisquer falhas, que na missão comanda todas as funções da nave, sendo onipresente e onipotente dentro dela, e que possui também uma interface com um simulacro de emoções humanas, que conversa e interage com os dois tripulantes acordados de várias maneiras, como por exemplo, jogando xadrez. É, basicamente, o um dos deuses dos computadores (apesar de seu Barman preferir o Grande Pensador, Hactar e, claro, a Terra, mas eles são assuntos para outro post). A missão é envolta em uma aura de mistério que ninguém tenta dispersar, exceto por HAL.
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Certo dia ou noite (no espaço tudo é mais confuso), HAL está perguntando para o Dr. David Bowman se certos aspectos da missão não incomodam, como o fato de os pesquisadores, os cérebros da missão, terem sido treinados separadamente e estarem agora em estado de hibernação criogênica até a chegada em Júpiter quando, no meio da conversa, diz ter detectado uma falha na unidade de comunicação da nave, e que em 72 horas ela entrará em pane total. Os astronautas usam uma das cápsulas para missões externas para sair da nave e trazer a unidade para dentro da nave, a fim de fazer mais testes. Os testes são realizados e a máquina está perfeita. HAL diz que aquilo também o surpreende, e os aconselha a reinstalar a unidade e esperá-la falhar, apesar de sua plena funcionalidade comprovada pelos humanos. Um computador 9000 errou. Mas poderia ser pior, ele poderia estar controlando toda a nave e você estar sozinho no espaço a milhões de Kms de casa e… Oh… Vejo o problema.

Os astronautas decidem inventar uma checagem dentro de uma das cápsulas da nave, e, uma vez lá dentro, desligam as comunicações com o sistema central da nave, podendo assim discutir seus planos de desligar, caso a unidade de comunicação não falhe no tempo por ele previsto, a parte de HAL que o concede uma mente e logo sua ciência de existir, deixando-o apenas com suas funções mecânicas básicas. Mas pouco escapa aos frios olhos vermelhos de HAL, e ele lê os lábios dos humanos e descobre seu plano de desligarem-no. Mas um computador gênio e egocêntrico não pode permitir que uma coisa dessas aconteça, e levará sua existência às últimas consequências.

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HAL assume o controle de uma das cápsulas enquanto Dr. Frank Poole está fora da nave e fora da cápsula, corta seu suprimento de oxigênio e o joga em direção ao vazio. Quando percebe que perdeu contato com Poole, Bowman também sai da nave em uma cápsula e vai procurá-lo, porém esquece seu capacete dentro da Discovery.
Enquanto Bowman está fora da nave, HAL mata os pesquisadores que estavam em hibernação e, quando retorna com o corpo de Poole, se inicia a sequência de cenas mais tensa já assistida por seu humilde Barman. Nada de trilha sonora aqui. “HAL, open the pod bay doors please”. Abra a porta HAL. “I’m afraid I can not do that dave”. Temo não poder fazer isso, Dave.
HAL, abra a porta por favor.
Abra a porta HAL.
ABRA A PORTA HAL.
Bowman é obrigado a abandonar o corpo de Poole no espaço para poder usar as garras da cápsula exploratória e abrir a entrada de emergência da nave e entrar pela câmara de despressurização.
“Isso será difícil sem seu capacete, Dave”
David não será contido em sua fúria e arrisca uma entrada na nave da mesma maneira. Entra.
“Eu cometi um erro Dave. Me perdoe Dave”
Dave não perdoará. Vai em direção ao centro cognitivo de HAL e começa a desligar suas funções e ouve sua voz ficando mais débil e cantando músicas que foram ensinadas no dia de seu nascimento, até que um monitor se liga e um homem bem apessoado em um vídeo que não deveria ser exibido até a chegada em Júpiter com toda a tripulação acordada explica a David o real propósito da missão e o achado de uma prova irrefutável de vida extraterrestre inteligente, O Monolito. Kubrick preferiu não mostrar essas formas de vida fisicamente, pois após uma conversa com o físico Carl Seagan percebeu quão intangível é a ideia de poder prever qual seria a forma de um alien, logo, o diretor optou por representá-los apenas como inteligências eternizadas em máquinas ou energias. Acaba a parte 3 do filme

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Da quarta e última parte do filme, “Jupiter and Beyond the Infinite” (Júpiter e Além do Infinito) não me atrevo a falar muita coisa, não podendo tal sequência de cenas ser descrita ou sua beleza ser expressada por palavras apenas por grunhidos e monossílabos. A cereja do bolo desse delírio visual. Um orgasmo de psicodelia. Um dos exemplos do que um professor de história meu certa vez disse “A humanidade surgiu e fez um monte de merda, mas vira e mexe toma jeito e faz algo que preste, como Led Zeppelin”. Sim, sim e sim. 2001: Uma Odisséia no Espaço poderia me convencer a relevar tudo que a humanidade já fez de ruim. Recomendo altamente que vocês assistam, meus caros leitores, para que possam entender a beleza do estado de espírito em que esse filme coloca o espectador. Ninguém deveria morrer sem assistir a esse filme, pois 2001: A Space Odyssey é a definição audio-visual de beleza e sublimidade.

NOTA——————————————> 1O MONOLITOS/10 MONOLITOS
(Leia-se “10 de 10”)

Um pósfácio: este segmento do blog aceitará sugestões de filmes dos quais fazer a review, basta deixar o nome e algum link para assistir o filme online nos comentários que com certeza, demorando mais ou menos, farei uma review de sua recomendação!

Bem, meus fiéis leitores que conseguiram ir até o fim da garrafa e aqui me encontraram, um bom fim de tarde, dia, noite ou éon, dependendo de sua dimensão e forma de vida atual, e até o próximo post!